sexta-feira, 17 de abril de 2009

Pré-conceito

Há tempos comento sobre criar um blog, tive muitas idéias sobre textos e sobre o que ia falar. Cheguei à conclusão que criar um blog com o propósito de escrever textos sobre as situações que vivencio, as quais, sei que muitos passam e irão se identificar, seria a melhor solução e mais satisfatória.

Um breve perfil: Homem, tradutor, 1,74m de altura, alguns kilos extras, cabelos cumpridos estilo rastafári, com tatuagens (não aparentes), na maioria das vezes alegre e contagiante, uma pessoa com muitos amigos.

Este é meu primeiro texto, e o motivo de finalmente dar cria e colocar em prática o meu desejo antigo de ter um blog.

Ontem (16/04) estava no cinema espairecendo um pouco, assistindo “Quem quer ser um milionário” (ótimo filme aliás) juntamente com apenas duas outras pessoas na sala, quando recebi uma ligação e fui consultado sobre um trabalho de tradução simultânea (interpretação é o termo técnico) por uma agência de tradução aqui de São Paulo, após uma breve conversa e eu ter passado meu orçamento por telefone, fiquei tranqüilo e contente por ter mais uma oportunidade nesse mercado bem fechado da tradução simultânea. Eu deveria ir ao Paraná trabalhar por dois dias em uma assembléia de uma empresa para a aprovação de contas e eleição de Diretores e etc. Fui dormir, acordei e comecei o meu dia, por volta do horário do almoço a agência de tradução entra em contato comigo pelo MSN e me conta que o trabalho não acontecerá, e me conta, sem muitos detalhes, o que aconteceu (uma vez que possuo não apenas um relacionamento comercial com a empresa mas também um relacionamento de amizade com seus funcionários), não foi o orçamento que não foi aprovado pela empresa contratante, não foi o trabalho que foi cancelado, foi simplesmente o tradutor que não foi aprovado!!!
Agora vocês dizem: “Normal, a empresa tem o direito de recusar um tradutor ou recusar algum prestador de serviços qualquer.”

O motivo de minha revolta é que não foi solicitado meu currículo para avaliação, não foi perguntado se eu era competente, se possuía vivência nos EUA, se era formado como tradutor, se havia estudado em grandes escolas de inglês e se eu prestava um serviço de qualidade em geral (pré-requisitos todos preenchidos por mim). Foi perguntado à agência de tradução se o tradutor possuía tatuagens (as quais não apareceriam de qualquer forma já que para tanto qualquer tradutor usaria seu terno impecável) ou se possuía algo que fugisse ao “normal”, ao que foi respondido com alguns elogios pela dona da agência de tradução com relação ao meu trabalho e por fim afirmando que realmente não, eu não era “normal”, que possuía cabelos rasta (os famosos dreadlocks de Bob Marley e muitos outros). A solução da empresa contratante foi aprovar o orçamento que EU havia passado e solicitar que o trabalho fosse realizado por outro tradutor que fosse “normal”.

Certa está a agência de tradução em buscar outro tradutor mais “qualificado” (lê-se: sem “agressões” visuais) para satisfazer o seu cliente, errado está o cliente em ainda ter este tipo de preconceito depois de mais de 2 mil anos de história, e o prejudicado sou eu que perdi uma boa oportunidade de enriquecer não só a minha conta bancária, mas também o meu currículo e intelecto por culpa de um preconceito que não tenho como combater a não ser continuar trabalhando e me qualificando.

E eu pergunto: Posso esperar então que a mesma empresa deixe de contratar alguém por essa pessoa ser negra, homossexual, muito gorda, muito magra, usar óculos “fundo de garrafa”, ser careca, uma mulher por seu decote ou por seu sapato feio, ou qualquer outro “problema” ou “anormalidade”?? Além disso, qual o tipo de trabalho ou serviço que posso esperar de uma empresa que coloca aspectos físicos acima dos aspectos intelectuais??

Primeiro post um pouco revoltado, espero que entendam e me desculpem se ofendi alguém. Caso isso tenha acontecido me escrevam para que eu possa mudar e melhorar.
Tenham um bom feriado!!!

Um comentário:

  1. Primeiramente, parabéns pelo blog e por mais um projeto. Acho até mais interessante priorizar no meu comentário essa satisfação de saber que postará assuntos interessantes e satisfatórios (até mesmo porque conheço sua pessoa) do que relatar sobre a questão pré-conceito.
    Sem sombra de dúvidas, todos sofremos diversas repressões seja qual for o motivo, e infelizmente, algumas pessoas se viciam muito mais dessa ferramenta do que outras.

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